quinta-feira, 26 de abril de 2012
Caminhar é preciso
O que faz a vida humana valer a pena? Qual é o papel do ser humano no mundo? Ou ainda, para onde caminha a humanidade? Tais perguntas acompanham o ser humano desde os períodos mais remotos do pensamento. Poderíamos comparar esse questionamento com uma longa estrada, por onde o ser humano se aventura desde quando olha para o alto e começa a contemplar a imensidão do Cosmos e se deslumbra diante dele.
A beleza manifestada na obra criada, a harmonia existente no mundo e todo o mistério que a envolve, faz o ser humano pensar sobre si e sobre o seu Criador. Esse foi o começo da estrada, num tempo em que não se havia instrumentos especulativos como se tem hoje, num tempo onde não se tinha a precisão de cálculos como se tem hoje, num tempo onde os únicos instrumentos a disposição do ser humano eram o seu olhar curioso e sua mente aguçada.
Assim, o ser humano começa a sua aventura pela estrada da transcendência, estrada que o leva a descobrir que a cada passo dado novos horizontes se abrem, e novos desafios surgem. Se dúvidas são sanadas, novas surgirão. É um caminhar eterno, onde muitos ficam à beira da estrada massacrados pelo cansaço, pela falta de disposição para a caminhada, ou simplesmente porque quiseram fazer a sua caminhada sozinhos.
É uma estrada dura, que faz o pé sangrar, que provoca rupturas, quebraduras, mas que no final é compensador, porque o que se contempla é muito mais bonito que o por-do-sol entre as montanhas, é muito mais do que uma fonte de água límpida que mata a sede depois de se caminhar o dia todo debaixo de um sol escaldante, o que se contempla é o Transcendente, o totalmente outro, como diria alguns pensadores.
Se essa caminhada é tão dura e cruel, porque o ser humano a faz? Porque somos feitos de possibilidades, seres que aceitam desafios, que não se deixam levar pela apatia ou por sua finitude. Somos finitos, isso é fato que ninguém contesta, incompletos sim, mas caminhamos para o infinito para a completude independente da partida ou da chegada, pois o que faz o caminho é a estrada, o percurso.
E o que motiva a caminha, não vem de fora, não são palavras de incentivo ditas por alguém no final da estrada, mas vem de dentro do ser humano é algo que lhe é intrínseco, é a esperança, que se renova a cada passo, a cada metro percorrido, a cada dia caminhado.
Foi a esperança que manteve firme os passos de tantos homens e mulheres que percorrem essa estrada da transcendência muito antes de nós. Pessoas de diferentes épocas, de diferentes localidades, mas que por amor ao humano dedicaram suas vidas como peregrinos da esperança.
Em todas as épocas, desafios aparecem, desafios que oprimem a vida, que fragmenta o ser humano, que fazem da estrada caminho íngreme, pedregoso, cheio de espinhos e obstáculos. E em nossa época não é diferente, é época marcada pelo individualismo, pelo ostracismo, onde o outro perdeu o seu valor, onde a religião perdeu ser caráter comunitário, tornou-se intimista. Porém, o ser humano pode caminhar contra o fluxo da massificação e seguir pela via, pela estrada da vida, que como toda estrada tem os seus obstáculos.
Existe um velho adágio da sabedoria popular que diz: a esperança é a última que morre. De fato é a esperança que mantém viva em tempos difíceis a firmeza de se buscar dias melhores, de não desanimar perante a adversidade que desvia do caminho, é ela que mantém o rumo a ser seguido. É a esperança que firma o passo cansado, que calça o pé descalço, que cura as feridas que surgiram ao longo da caminhada na busca de seu fim último. É ela que dá razões para que o homem faça a sua vida mais humana, pautada na solidariedade, através da atenção e do cuidado com o outro.
Pe. Saulo Emílio
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Simplesmente maravilhosas palavras!
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