sábado, 19 de maio de 2012
Sobre a Celebração do Mistério Pascal
CARTA APOSTÓLICA DO PAPA PAULO VI SOBRE A
CELEBRAÇÃO DO MISTÉRIO PASCAL
DADA POR MOTU PROPRIO APROVANDO AS
NORMAS UNIVERSAIS DO ANO LITÚRGICO E O
NOVO CALENDÁRIO ROMANO GERAL
A celebração do mistério pascal, conforme nos ensinou claramente o sacrossanto Concílio Vaticano II, constitui o cerne do culto religioso do cristão no seu desenvolvimento cotidiano, semanal e anual. Por isso, era necessário que a restauração do ano litúrgico, cujas normas foram dadas pelo Santo Sínodo, colocasse numa luz mais clara o mistério pascal de Cristo, tanto na organização do Próprio do Tempo e dos Santos, como na revisão do Calendário Romano.
1. Na verdade, no decorrer dos séculos, a multiplicação das festas, das vigílias e das oitavas, bem como a complexidade crescente das várias partes do ano litúrgico, encaminharam os fiéis às devoções particulares, desviando-os um pouco dos mistérios fundamentais da nossa Redenção.
Ninguém ignora que os nossos predecessores São Pio X e João XXIII, de venerável memória, deram normas para que os domingos, restaurados em sua dignidade primitiva, fossem verdadeira e propriamente tidos por todos como o "dia de festa primordial" e para que restaurasse a celebração litúrgica da Sagrada Quaresma. E sobretudo o nosso predecessor Pio XII, de venerável memória, ordenou que na Igreja Ocidental, durante a Noite da Páscoa, fosse restaurada a solene vigília pascal para que o Povo de Deus, celebrando então os Sacramentos de iniciação cristã, renovasse a aliança espiritual com o Cristo Senhor ressuscitado.
Estes Sumos Pontífices, seguindo o ensinamento dos Santos Padres e a doutrina firmemente transmitida pela Igreja Católica, julgaram com razão que no curso anual da liturgia não se recordam apenas as ações pelas quais Jesus Cristo por sua morte nos trouxe a salvação, nem se renova somente a lembrança de ações passadas, para instruir e nutrir a meditação dos fiéis, mesmo os mais simples; ensinavam também que a celebração do ano litúrgico "goza de força sacramental e especial eficácia para alimentar a vida cristã". Nós também pensamos e afirmamos o mesmo.
Portanto, é com razão que, ao celebrar o "sacramento do Natal do Cristo" e sua manifestação ao mundo, pedimos que, "reconhecendo sua humanidade semelhante à nossa, sejamos interiormente transformados por Ele" e, ao renovarmos a Páscoa do Senhor, suplicamos ao sumo Deus pelos que renasceram com Cristo "para que sejam fiéis por toda a vida ao sacramento do Batismo, que receberam professando a fé". Pois, para usarmos as palavras do Concílio Ecumênico Vaticano II, "celebrando os mistérios da Redenção, a Igreja abre aos fiéis as riquezas do poder e dos méritos de seu Senhor; de tal modo que os fiéis entram em contato com estes mistérios, tornados de certa forma presentes em todo o tempo e lugar, e se tornam repletos da graça da salvação".
Por isso, a revisão do ano litúrgico e as normas que decorrem de sua reforma não têm outro objetivo senão levar os fiéis a participarem mais ardentemente pela fé, pela esperança e pela caridade, de "todo o mistério de Cristo, desenvolvido no decurso de um ano".
2. Cremos que as festas da Virgem Maria, "unida por laço indissolúvel à obra de seu Filho", bem como as memórias dos Santos, entre as quais brilham com particular fulgor os aniversários de "nossos senhores mártires e vencedores", não se opõem de modo algum à celebração do mistério de Cristo. Na verdade, "as festas dos Santos proclamam as maravilhas do Cristo nos seus servos e oferecem aos fiéis oportunos exemplos a serem imitados". A Igreja Católica sempre afirmou que nas festas dos Santos se anuncia e renova o mistério pascal do Cristo.
Entretanto, não se pode negar que no correr dos séculos surgiram mais festas de Santos do que seria conveniente. Por isso, o Santo Sínodo ordenou: "Que as festas de Santos não prevaleçam sobre as que recordam os mistérios da salvação. Muitas destas festas sejam deixadas à celebração de cada Igreja local, nação ou família religiosa, estendendo-se somente à Igreja universal as festas que comemoram Santos de importância verdadeiramente universal".
Pondo em prática esta decisão do Concílio Ecumênico, os nomes de alguns Santos foram retirados do Calendário Geral e permitiu-se que a memória de outros fosse celebrada facultativamente e se lhes prestasse o devido culto somente nas regiões em que viveram. A supressão dos nomes de alguns santos universalmente conhecidos permitiu introduzir-se no Calendário Romano o nome de alguns Mártires daquelas regiões onde o anúncio do Evangelho chegou mais tarde. Assim, no mesmo catálogo, gozam de igual dignidade representantes de todos os povos, ilustres por terem derramado o sangue pelo Cristo ou praticado as mais altas virtudes.
Por estes motivos, julgamos o novo Calendário Geral, preparado para o uso do rito latino, mais adaptado à mentalidade e à sensibilidade religiosa do nosso tempo, e mais condizente com o espírito universal da Igreja. Com efeito, ele propõe a todo o Povo de Deus os Santos mais importantes como notáveis exemplos de santidade vivida de vários modos. Não é necessário dizer o quanto isto contribuirá para o bem espiritual de todo o povo cristão.
Tendo atentamente considerado diante de Deus todos estes motivos, aprovamos com a nossa autoridade apostólica o novo Calendário Romano Geral, composto pelo Conselho encarregado de executar a Constituição sobre a Sagrada Liturgia, como aprovamos também as normas universais relativas à disposição do ano litúrgico. Determinamos que entrem em vigor a partir do dia 1º de janeiro do pró
ximo ano, 1970, conforme os decretos a serem publicados conjuntamente pela Sagrada Congregação dos Ritos e pelo referido Conselho, válidos até a edição do Missal e do Breviário restaurados.
Tudo o que estabelecemos nesta nossa carta, escrita motu proprio, seja confirmado e executado não obstante as disposições em contrário constantes das Constituições e Ordenações Apostólicas de nossos antecessores, como também de outras prescrições, mesmo dignas de menção e derrogação.
Dado em Roma, junto de São Pedro, dia 14 de fevereiro de 1969, sexto ano do nosso pontificado.
Paulo VI, papa
sexta-feira, 11 de maio de 2012
De esperança em esperança
O ser humano é um organismo vivo, multifacetado, com estrutura material e espiritual, que apesar de serem distintas se completam e não podem ser analisadas separadamente uma da outra. Pois, essa relação entre corpo e alma é o que torna o ser humano pessoa, que no seu dia-a-dia vai se descobrindo como um membro importante na grande obra da criação, participante na sua grande obra de amor, buscando o Transcendente.
Partindo desse princípio, o ser humano é chamado a viver em comunidade, preocupando-se não só com si mesmo, mas com tudo que é bom e faz parte da obra de Deus. Ele precisa reconhecer-se criatura, muitas vezes limitada, capaz de realizar muitas coisas e, em contra partida, incapaz de muitas outras.
Assim, uma das características do ser humano é a sua busca pelo divino, pelo transcendental, pois se sente chamado a olhar para o alto, capaz de atingir um ideal bem acima de suas forças: é essa marca de Deus no humano. Feito semelhante ao Criador, seu destino é tornar-se filho de Deus, caminhante, ou melhor, estradeiro do caminho da vida.
Em seu caminho, o ser humano defronta-se com vários obstáculos que o impede de caminhar, que o faz refletir, mudar sua perspectiva, seu rumo, seu modo de ver as coisas. Depara-se também, com alegrias, esperanças e conquistas que motivam sua caminhada, faz o caminho suave, agradável.
Para que aconteça a transcendência humana, a esperança é grande força motriz; é ela quem impulsiona o ser humano na busca de um bem maior, na busca de algo que o complete, que faça a sua finitude valer a pena, pois sem esperança, o mundo se mumifica (Juvenal Arduini). A vida, com a esperança, torna-se caminho novo e os novos passos nessa estrada fazem parte de uma emocionante aventura.
Ela, a esperança, é fator de transcendência, pois possibilita ao ser humano preservar a vida, sua companheira de caminhada, buscando sempre a sua dignidade, quando tudo parece desespero, quando tudo parece escuridão, quando tudo parece chegar no fim, a esperança surge como lâmpada, lâmpada de solicitude que jamais se deinteressa.
É na coletividade que o ser humano encontra a maneira de se libertar e busca uma vivência melhor. Enquanto pessoa, inserida na história, é modificador da história, baseando sua ação na espereça militante que o impulsiona para o outro, para o amor, para o cuidado. Assim, a esperança cria novas possibilidades de futuro, através da corresponsabilidade, da serenidade, da solidariedade e do impulso ao amor.
A estrada a se percorrer é longa, surgem vários atalhos que seduzem pela facilidade que apresentam como a massificação, a patia, a esperança fatalista, que ao invés de tornar a estrada mais curta, torna o caminhar cansado, paralizado, fazendo do ser humano algo estático, imóvel enquanto a história toma as rédias da vida e continua seu curso.
Por conseguinte, existe a estrada certa, sem atalhos, que em suas curvas faz do ser humano um ser consciente, transformador da história, que a cada passo dado e a cada passo por dar celebra a vida, caminha cheio de alegria e de esperanças, apesar dos pés calejados e sangrados pela emancipação provocada pela esperança, pela utopia, pelo outro.
São homens e mulheres, companheiros de caminhada, que arriscam suas vidas nas estradas, não temendo os perigos do caminho, porque tem fé. Fé evolutiva, fé consciente. Fé é caminho que se abre. Não basta ver. Quem tem fé, caminha. E não fica apenas observando ou analisando Deus. Quem tem fé, segue a Cristo. Crer é acompanhar Cristo pelas estradas da história (Juvenal Arduini).
Um novo mundo é possível, um mundo pautado na serenidade, na solidariedade, na ética e no amor. Um mundo sem degradações, sem destruição da vida humana. Um novo mundo é possivel porque o ser humano é possibilidades. Um novo mundo é possível porque existe consciência. Um novo mundo é possivel porque a história não acabou. Um novo mundo é possível porque ainda extiste esperança no coração humano.
sexta-feira, 4 de maio de 2012
Sê bem-vindo, Dom Paulo!
No último dia primeiro, Dom Paulo Mendes Peixoto iniciou seu ministério pastoral, como quarto arcebispo na comemoração do Primeiro Cinquentenário da Bula de Criação da Arquidiocese de Uberaba. Isso para nós é motivo de muita alegria, pois o Bom Pastor olhou com generosidade para nossa Arquidiocese ao enviar um novo arcebispo para guiar-nos rumo aos prados eternos, onde Ele, verdadeiro e eterno Pastor do Rebanho nos espera com seus braços abertos.
Mineiro, da cidade de Imbé de Minas, Dom Paulo traz consigo a experiência de conduzir a diocese de São José do Rio Preto durante seis anos, além disso, vem cheio de recomendações do povo daquela diocese que veio participar da Missa de Posse.
Dom Paulo que na sua homilia da Missa de Posse, disse: “É de coração aberto e com profunda confiança no Espírito Santo que dirige a vida da Igreja e que leva à partilha dos dons no meio do Povo de Deus; que me coloco na atitude de disponibilidade e do serviço. O meu pensamento se volta para o sim de Maria e à sua resposta ao Anjo. Quero ter o coração de pastor, de acolhida, de paciência e de reconhecimento de tantos valores existentes na história desta Arquidiocese. Quero somar para construir aqui o Reino de Deus”.
E nos da Paróquia de São Mateus, apóstolo, evangelista e mártir, ao qual nosso arcebispo sucede, na grei do Senhor, queremos acolhe-lo e manifestar a nossa disposição em caminharmos juntos, somando forças na construção do Reinado de Deus.
Seja bem-vindo e feliz em nossa Arquidiocese, Dom Paulo!
quinta-feira, 3 de maio de 2012
Muito obrigado, Dom Roque!
Nestes dias somos convidados a elevar ao Pai Celeste um hino de ação de graças pela vida e pelo testemunho de nosso arcebispo emérito Dom Roque, homem da simplicidade e da discrição, porém não menos integro na condução da nossa arquidiocese durante os 16 anos que esteve à nossa frente, guiando-nos rumo a Jesus Cristo, o Senhor.
Nas várias vezes que acompanhei, nosso arcebispo, em celebrações, encontros e reuniões, uma ocasião, chamou-me a atenção. Na visita pastoral ocorrida em nossa Paróquia, no ano passado às vésperas da Semana Santa, quando visitamos o Colégio Presidente João Pinheiro. Dom Roque se colocou no meio das crianças que lá estudam, refletindo com eles o chamado de Zaqueu, e depois de fazer um pequeno teatro com algumas crianças sobre o trecho ouvido e meditado, ele perguntou às crianças se alguém gostaria de fazer alguma pergunta. Quando um aluno se levantou e perguntou rapidamente: “O senhor gosta de ser bispo?”
Dom Roque o olhou e respondeu, sem titubear: “sim! Eu gosto de ser bispo. Mas eu gosto mesmo é de ser padre!” Essa frase me marcou profundamente, principalmente pela explicação que veio a seguir, “porque ser padre foi o que eu sempre quis na minha vida, pois o padre ajuda a todas as pessoas que lhe procura, ajuda através dos sacramentos da Igreja, ou através de uma palavra amiga, ou pelos laços que estabelece com a comunidade, por isso, eu sempre quis e quero ser padre.”
Assim, nestes dias de transição queremos louvar a Deus pela vocação primeira que levou o nosso arcebispo emérito a dar o seu sim ao Pai Celeste, e que através deste sim realizou em sua vida boas obras, obras de liderança, obras de generosidade, obras de simplicidade, obras de acolhida, obras de paciência, obras do Espírito Santo.
Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono de nossa Arquidiocese, o cumule sempre de vida e esperança para que nesta nova jornada, para que continue dizendo o seu sim ao Pai Celeste como homem do Altar.
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