sexta-feira, 11 de maio de 2012

De esperança em esperança

O ser humano é um organismo vivo, multifacetado, com estrutura material e espiritual, que apesar de serem distintas se completam e não podem ser analisadas separadamente uma da outra. Pois, essa relação entre corpo e alma é o que torna o ser humano pessoa, que no seu dia-a-dia vai se descobrindo como um membro importante na grande obra da criação, participante na sua grande obra de amor, buscando o Transcendente. Partindo desse princípio, o ser humano é chamado a viver em comunidade, preocupando-se não só com si mesmo, mas com tudo que é bom e faz parte da obra de Deus. Ele precisa reconhecer-se criatura, muitas vezes limitada, capaz de realizar muitas coisas e, em contra partida, incapaz de muitas outras. Assim, uma das características do ser humano é a sua busca pelo divino, pelo transcendental, pois se sente chamado a olhar para o alto, capaz de atingir um ideal bem acima de suas forças: é essa marca de Deus no humano. Feito semelhante ao Criador, seu destino é tornar-se filho de Deus, caminhante, ou melhor, estradeiro do caminho da vida. Em seu caminho, o ser humano defronta-se com vários obstáculos que o impede de caminhar, que o faz refletir, mudar sua perspectiva, seu rumo, seu modo de ver as coisas. Depara-se também, com alegrias, esperanças e conquistas que motivam sua caminhada, faz o caminho suave, agradável. Para que aconteça a transcendência humana, a esperança é grande força motriz; é ela quem impulsiona o ser humano na busca de um bem maior, na busca de algo que o complete, que faça a sua finitude valer a pena, pois sem esperança, o mundo se mumifica (Juvenal Arduini). A vida, com a esperança, torna-se caminho novo e os novos passos nessa estrada fazem parte de uma emocionante aventura. Ela, a esperança, é fator de transcendência, pois possibilita ao ser humano preservar a vida, sua companheira de caminhada, buscando sempre a sua dignidade, quando tudo parece desespero, quando tudo parece escuridão, quando tudo parece chegar no fim, a esperança surge como lâmpada, lâmpada de solicitude que jamais se deinteressa. É na coletividade que o ser humano encontra a maneira de se libertar e busca uma vivência melhor. Enquanto pessoa, inserida na história, é modificador da história, baseando sua ação na espereça militante que o impulsiona para o outro, para o amor, para o cuidado. Assim, a esperança cria novas possibilidades de futuro, através da corresponsabilidade, da serenidade, da solidariedade e do impulso ao amor. A estrada a se percorrer é longa, surgem vários atalhos que seduzem pela facilidade que apresentam como a massificação, a patia, a esperança fatalista, que ao invés de tornar a estrada mais curta, torna o caminhar cansado, paralizado, fazendo do ser humano algo estático, imóvel enquanto a história toma as rédias da vida e continua seu curso. Por conseguinte, existe a estrada certa, sem atalhos, que em suas curvas faz do ser humano um ser consciente, transformador da história, que a cada passo dado e a cada passo por dar celebra a vida, caminha cheio de alegria e de esperanças, apesar dos pés calejados e sangrados pela emancipação provocada pela esperança, pela utopia, pelo outro. São homens e mulheres, companheiros de caminhada, que arriscam suas vidas nas estradas, não temendo os perigos do caminho, porque tem fé. Fé evolutiva, fé consciente. Fé é caminho que se abre. Não basta ver. Quem tem fé, caminha. E não fica apenas observando ou analisando Deus. Quem tem fé, segue a Cristo. Crer é acompanhar Cristo pelas estradas da história (Juvenal Arduini). Um novo mundo é possível, um mundo pautado na serenidade, na solidariedade, na ética e no amor. Um mundo sem degradações, sem destruição da vida humana. Um novo mundo é possivel porque o ser humano é possibilidades. Um novo mundo é possível porque existe consciência. Um novo mundo é possivel porque a história não acabou. Um novo mundo é possível porque ainda extiste esperança no coração humano.

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